sábado, 27 de julho de 2013

"Vale por 3" - Entrevista com Paulo André no LANCE!

Confira a matéria de página dupla da edição de ontem, 26 de julho, do jornal LANCE! com Paulo André, que neste mês completa 4 anos como jogador do Corinthians. O zagueiro, que está vivendo sua melhor sequência de jogos até agora, relembra os momentos ruins pelos quais passou e sua evolução até a atual titularidade. Ele ainda revela que recentemente recebeu uma proposta de um clube de Qatar, mas que seu desejo é se aposentar no Timão.

Vale por 3

Bruno Uliana e Felipe Bolguese

Paulo André chega todo dia mais cedo no CT Joaquim Grava. Fazer fortalecimento muscular em seus joelhos é uma obrigação para o sucesso em campo. A rotina que para muitos parece ser chata - e às vezes é mesmo - é a prova de que o sofrimento valeu a pena.

Prestes a completar quatro anos no clube, o zagueiro jogou com nunca no último ano. Mais e melhor. Foram 54 jogos, contra 67 dos três anos anteriores, marcados por cirurgias e longas recuperações.

- Sem dúvida é a melhor fase, é o momento em que mais consigo uma sequência. Bruno Mazziotti, Caio (Mello), Beto (fisioterapeutas), os médicos, são fundamentais. Hoje não tenho dor em nenhum joelho, isso é quase um milagre! Consigo jogar, treinar, e acho que vivo a melhor fase da carreira - afirmou o jogador, ao LANCE!.

Só no primeiro semestre de 2013, Paulo André disputou 30 partidas. De longe, é o melhor aproveitamento em jogos.

Contratado no meio de 2009, ele passou por cirurgias em 2010, 2011 e 2012. Do segundo semestre do ano passado até os dias de hoje, as dificuldades ficaram para trás. Paulo firmou-se na equipe titular, foi destaque ao lado de Chicão no título do Mundial e já conquistou Paulistão e Recopa neste ano, ao lado de Gil.

- Quando olho para trás, valorizo momentos difíceis. Em 2009 e 2010, diziam que eu estava aqui porque era amigo do Ronaldo. Sempre soube do meu potencial, que não estava aqui à toa. Poder comprovar isso numa final de Mundial, é ver que valeu a pena sair de casa com 14 anos, morar em alojamento, dividir pacote de bolacha e tubaína - ressaltou ele.

Já foram vários momentos na vida em que o zagueiro pensou que não jogaria mais futebol, que havia perdido a batalha. Agora, porem, os joelhos parecem ter dado uma trégua. Paulo só precisa se preocupar em jogar futebol. E isso não é pouco.

"Tenho guardada a proposta que me mandaram. Ali já era o ápice da minha carreira. Hoje, olhando tudo que fiz depois, só tenho de agradecer." - Paulo André, sobre história no Corinthians

Foto: Renato Cordeiro/LANCE!Press

Bate-Bola: 'Tive a certeza de que não jogaria mais futebol'


1. O tratamento que você realizou na França o prejudicou na sequência da carreira, no Corinthians?
A medicina esportiva brasileira é mais avançada. Essa diferença me fez muita falta. Eu fiquei abandonado na França, fazendo massagem, tomando remédio de homeopatia, sem um norte, estrutura suficiente. A volta para o Corinthians acabou me dando uma oportunidade de me preparar, me recuperar. Foram três cirurgias no Le Mans, um ano e meio sem jogar, e a certeza de que nunca mais poderia jogar futebol. Hoje dou valor a cada dia que estou em campo, que consigo jogar.

2. Olhando para trás, sua passagem aqui foi o que imaginava?
Muito mais. Quando me machuquei na Europa, o que sentia falta era de ganhar títulos. Esses dias conversando com o Gil vi que a gente pensa a mesma coisa, ele jogou na França (Valenciennes) e até passou pelos mesmos problemas. Ele falou que tinha saudade de ganhar campeonato, de jogar para ganhar. Eu disse: "Então você veio para o lugar certo, vamos continuar ganhando tudo!" (risos)

3. Você disse que se sente aliviado quando ganha títulos. Por que não consegue sentir felicidade?
Infelizmente, pelo menos para mim, é uma pressão tão grande, responsabilidade, medo que no fim das contas só me sinto aliviado. Depois do jogo contra o Palmeiras (Brasileirão de 2011) usei o mesmo termo: alívio. Graças a Deus não fiz cagada. É muita pressão, a responsabilidade é muito grande. Qualquer erro que você faça muda sua carreira, sua vida, a imagem que você tem no clube, com a torcida.

4. Mas se você é esclarecido e se sente assim. Os outros então...
Sem menosprezar, mas de vez em quando a ignorância é uma bênção (risos). Se você não tem noção da responsabilidade que está assumindo, então pouco importa o que acontece. Era melhor não pensar e só jogar bola, como se estivesse na rua de casa brincando. Deve ter gente aqui dentro que pensa assim, talvez por isso improvisem mais, sejam mais irresponsáveis. O Sheik deve ser um deles. O Romarinho... Gostaria de ser assim, mas não sou. Devem curtir muito mais do que eu. Estou sempre tenso.

5. É melhor estar tenso com títulos do que com derrotas, como o São Paulo, rival de domingo, não?
A gente tem de saber explorar o momento deles. Para a gente pouco importa se eles estão mal, psicologicamente abalados. Os nossos títulos foram construídos com a nossa qualidade. Não é fácil o que estão passando. Se a gente puder vencer e não deixar que eles saiam dessa situação, será melhor ainda.


Assédio do Qatar não mexe com zagueiro


Há algumas semanas, Paulo André recebeu uma ligação de um agente representando um clube do Qatar. Os números apresentados não balançaram, mas houve a promessa de volta com um "caminhão de dinheiro". O Corinthians foi comunicado pelo jogador, cujo contrato vai até dezembro de 2014, mas nega qualquer proposta oficial.

– Se chegar, já aviso que não queremos vender – afirmou o diretor de futebol Duílio Monteiro Alves.

Apesar do assédio, a intenção de Paulo é renovar com o Timão.

– Dou muito valor ao que o Corinthians fez por mim, a tudo que vivi aqui. Teria de ser uma coisa muito maluca mesmo, muito diferente do que imagino, para que tivesse vontade de sair. Resumindo: quero encerrar a carreira aqui e tentar conquistar o máximo de títulos possíveis. Vou fazer 30 anos, não sei até quando vou jogar, se dois, três, quatro anos... Dinheiro é importante, dá estabilidade, mas tive dinheiro na França e não era feliz. Não é a prioridade – disse.

Paulo André foi contratado do Le Mans no fim de julho de 2009 e, no fim de 2011, renovou o contrato. jogador revelou que, enquanto estava na reserva da equipe, em 2011, também recebeu propostas para sair, mas decidiu permanecer.

– Em 2011 voltando de uma cirurgia, Castán e Chicão faziam uma excelente temporada, e eu tive propostas para sair, e mesmo estando no banco, ou nem no banco, pois revezava com o Wallace, eu resolvi ficar após uma conversa com o Tite. Felizmente hoje estou colhendo frutos dessas boas escolhas e dessas tantas férias trabalhadas – comemorou.

Reprodução/LANCE!


Drama das lesões


2007 No Le Mans (FRA), passou por cirurgia no joelho direito em janeiro. Depois, sofreu duas novas intervenções no mesmo local, em junho e dezembro.

2009 Sentiu dores no joelho direito de novo e passou o Ano Novo em recuperação.

2010 Realizou uma artroscopia, desta vez no joelho esquerdo, em outubro. Não participou da Libertadores de 2011.

2011 Nova artroscopia no joelho direito. Na reta final do Brasileirão, virou titular.

2012 Quarta artroscopia no joelho direito. Ficou fora da Libertadores, de novo.

 

LANCE! Footstats - Números de Paulo André no BR-13


Jogos: 5
Minutos: 371
Desarmes*: 1,4
Passes certos*: 24,4
Passes errados*: 1,4
Rebatidas*: 8,2
Lançamentos certos*: 2,4
Lançamentos errados*: 2,4
Faltas cometidas*: 0,8
Perdas de bola*: 2,8

*Media por jogo

 

Os parceiros de PA


Castán Os dois formaram a dupla da reta final do Brasileirão-11, após Chicão ser barrado.

Chicão Dupla do Mundial do Japão, em 2012. Em dois jogos, time não sofreu nenhum gol.

Gil Chicão passou por cirurgia e dupla foi alterada em 2013. Já rendeu dois títulos.

 

L! Publicou - Zagueiro esclarecido e com posição firme


Na edição do dia 23 de junho, o zagueiro foi personagem da antiga "Entrevista de Domingo" do LANCE!. Entre outros temas, ele se disse contra a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e revelou sonhar em fazer parte dos protestos.

Fontes: LANCE!Digital e LANCE!Net

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